IG – Tomé-Açu
As primeiras sementes de cacau foram introduzidas pelos imigrantes japoneses em 1929 na região de Tomé-Açu. Nos anos de 1970, com a implantação de um projeto para a recuperação da cultura cacaueira, o estado do Pará voltou a se tornar um grande produtor de cacau, transformando esse sistema produtivo em um modelo de produção reconhecido e premiado nacionalmente, com capacidade de geração de renda para os habitantes do município.
Este assunto é de responsabilidade da Unidade de Inovação. 08 de Janeiro de 2020
Sobre a Indicação Geográfica
A contribuição do cultivo do cacaueiro no estado do Pará foi decisiva para o desenvolvimento de uma sociedade florescente no final do século XVII e começo do XVIII. Segundo os registros históricos, em 1687, no Pará foi instalada a primeira fábrica de chocolate do Brasil.
Não há como se negar a influência da cacauicultura no processo civilizatório da Amazônia, dados históricos mostram que o cacau representou 90,6% de todas as suas exportações no período de 1730 a 1744.
As primeiras sementes de cacau foram introduzidas na região de Tomé-Açu em 1929 pelos imigrantes japoneses, com o objetivo de estabelecer o cultivo de uma espécie perene, nativa da floresta amazônica, porém devido ao desconhecimento das técnicas de cultivo e do ataque de pragas, essa iniciativa não foi continuada.
Na década de 1970, com o declínio do monocultivo da pimenta-do-reino, aconteceu a reintrodução do cacau como uma cultura alternativa de geração de renda local, sob a orientação da CEPLAC – Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira.
Em 1976, a Organização Mundial de Saúde (OMS) proibiu o uso de óleo fóssil nos cosméticos, o que culminou numa grande demanda por amêndoa de cacau no mercado, levando assim a aumentar significativamente o seu preço.
Os agricultores ficaram motivados e plantaram mais de um milhão de cacaueiros em Tomé-Açu durante os anos de 1975 e 1976, transformando o sistema produtivo em um modelo de produção com capacidade de geração de renda em longo prazo e que, além de produzir frutas tropicais, essa renda foi complementada com a extração de produtos como: óleos nobres, borracha natural, madeiras legalizadas e outros produtos da Amazônia. O estabelecimento desse sistema conhecido hoje como sistema agroflorestal, originou mais de 100 (cem) combinações diferentes de consórcios, garantindo uma produção estável e contínua, bem como beneficiando a recuperação econômica da colônia japonesa. Esse sistema de produção foi reconhecido nos anos 2000 por vários prêmios de entidades oficiais no Brasil.
A delimitação da área autorizada de produção da Indicação de Procedência Tomé-Açu para o produto cacau está compreendida em toda a extensão territorial do município de Tomé-Açu, localizado no estado do Pará, conforme chancela da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca – SEDAP do estado do Pará.
O município de Tomé-Açú localiza-se no norte brasileiro, a uma latidude 02º25’08 sul e longitude 48º09’08” oeste, estando a uma altitude de 45 metros do nível do mar. O município possui uma população estimada em 61.095 habitantes distribuídos em 5.145,325 km2 de extensão territorial.
O relevo do município é caracterizado por compartimento topográfico bastante simples, tais como, baixos platôs aplainados (tabuleiros), terraços e várzeas, embora, na parte sul, sobressaiam baixas colinas. Insere-se no Planalto Rebaixado da região do Baixo Amazonas.
A vegetação representativa do município é a floresta densa dos baixos platôs, a densa de platôs, bastante alterada, ensejando o surgimento das florestas secundárias ou capoeiras.
O clima do Município de Tomé-Açu é quente e úmido. Caracteriza-se como clima tropical chuvoso e com estação seca bem definida, temperatura média anual entre 26,3 °C e 27,9 °C, umidade relativa entre 82% a 88%, precipitação média anual de 2.500 milímetros anuais, com distribuição mensal irregular, tendo um período (janeiro a abril) com maior intensidade de chuvas.
O Cacau (TheobromacacaoL.) é uma planta umbrófila de porte arbóreo e perene pertencente à família Malvaceae, gênero Theobroma. Chega a atingir 20 m de altura em condições silvestres, mas em condições de cultivo normalmente alcançam ao redor de 5 metros.
Das 22 espécies que compõem o gênero, apenas o Cacau e o Cupuaçu (Theobromagrandiflorum) são explorados comercialmente no Brasil. O cacaueiro é uma planta da classe das dicotiledôneas e, assim sendo, as sementes apresentam dois cotilédones que representam a parte economicamente aproveitável, sendo descartados a casca e o gérmen. É classificada também como uma planta cauliflora, pois as inflorescências se formam ao longo do tronco e ramificações secundárias e terciárias mais desenvolvidas, em estruturas denominadas almofadas florais, compostas de flores hermafroditas e pentâmeras, apresentando pétalas, sépalas, estames e estaminóides. Os órgãos reprodutivos encontram-se isolados por barreiras formadas pelos estaminóides e pétalas. O pólen é pegajoso, formando pequenos grumos, o que favorece a sua aderência à superfície de insetos, que comumente são os agentes polinizadores das flores.
É uma árvore típica de clima tropical, nativa da região de floresta úmida do continente Sul Americano, tendo como provável centro de origem as nascentes dos rios Amazonas e Orenoco. Constitui o principal fornecedor de matéria-prima para a fabricação do chocolate.
No sistema de produção em Tomé-Acú, as espécies arbóreas são utilizadas para sombreamento definitivo da cultura do Cacau, originando-se assim, o Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu. Parte do sucesso da safra de cacau no Pará se deve a um trabalho científico que começou lá atrás. Há mais de 50 anos, pesquisadores realizam expedições na Amazônia em busca dos cacaueiros mais produtivos. É possível ver o resultado em um centro de pesquisa, na região metropolitana de Belém, onde existe uma coleção de árvores onde os cientistas estudam o material genético para produzir sementes de cacau de melhor qualidade.
Os pesquisadores da Ceplac, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, fizeram cruzamentos entre os pólens de 19 mil cacaueiros selecionados para chegar a sementes mais resistentes a pragas e doenças e até três vezes mais produtivas. 0 cacau que a Ceplac produz a partir dos híbridos que foram selecionados dessa coleção podem chegar a até três mil quilos por hectare.
Além dos reconhecimentos ao sistema de cultivo agroflorestal da região de Tomé-Açú, a qualidade das amêndoas de cacau tem se consolidado como resultados das atuações da CEPLAC e outras instituições nacionais e internacionais. Essa qualidade foi reconhecida pelo “Prêmio Internacional de Qualidade Cocoa of Excelence”, no Salão do Chocolate de Paris em 2010, o que contribuiu para a inserção da região no mercado mundial de chocolates finos e especiais.
O clima e o solo favoráveis colocam a cultura como uma alternativa agrícola rural sustentável na região. Áreas de pastagens degradadas estão sendo recuperadas com o cultivo consorciado a espécies florestais.
Atualmente, há cerca de 15 mil produtores no Estado, que geram cerca de 50 mil empregos diretos e indiretos. Além disso, as autoridades querem que a amêndoa seja processada no Estado, em vez de migrar para as indústrias de outras regiões.
A produção no Pará vem aumentando nos últimos anos. Em 2014, foram 88 mil toneladas de sementes de cacau. Um ano depois passou para 105 mil. Em 2016 chegou a 118 mil toneladas. Até 2022, o Pará quer alcançar 233 mil toneladas.
Associação Cultural e Fomento Agrícola de Tomé-Açu – ACTA
Endereço: Av. Dionísio Bentes, sem número – Vila Quatro Bocas | Município: Tomé-Açu/PA | CEP: 68.682-000
E-mail: acta_tomeacu@yahoo.com.br | Telefone: (91) 3734-1316
Dados Técnicos
Número: BR 402014000010-7
Nome Geográfico: Tomé-Açu
UF: Pará
Requerente: Associação Cultural e Fomento Agrícola de Tomé-Açu – ACTA
Produtos: Cacau
Data do Registro: 29/01/2019
Delimitação: Limites do município de Tomé-Açu/PA.
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