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IG – Terra Indígena Andirá-Marau

Produzindo pó e pão do verdadeiro guaraná originado nas terras amazônicas, os indígenas da etnia Sateré-Mawé se organizaram para garantir produtos únicos que são reconhecidos nacional e internacionalmente.

Este assunto é de responsabilidade da Unidade de Inovação.17 de novembro de 2021


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Guaraná
Guaraná
Waraná em pó
Guaraná
Terra Indígena Andirá-Marau
Representação gráfica

Sobre a Indicação Geográfica

Na década de 1980 foi realizada uma primeira experiência de comercialização do guaraná produzido pelos Sateré-Mawé. Embora tenha sido positiva, a iniciativa não resultou em condições mínimas de autossustentabilidade, chamando a atenção para a necessidade de criação de um espaço de comércio internacional no qual o “valor de preservação” fosse reconhecido e embutido no preço do produto, auxiliando os Sateré-Mawé, inventores da cultura do guaraná, a sobreviverem como etnia diferenciada.

Foi assim que, em 1996, vinte quilos de pó de guaraná foram enviados para o comércio justo internacional por meio de parceria com a Associação de Consultoria e Pesquisas Indianistas da Amazônia – Acopiama, localizada em Manaus/AM. A ação marcou o nascimento do Projeto Integrado de Etnodesenvolvimento.

Com o passar dos anos, por meio do Projeto Guaraná, as famílias indígenas foram recebendo apoio para se organizarem dentro da sociedade Sateré-Mawé e dentro da economia mundial.

Em 2001, o prestigiado guia Philips da Amazônia faz menção aos Sateré-Mawé como os descobridores das virtudes do guaraná e ao Projeto Guaraná como sendo uma iniciativa de preservação do único banco genético da planta existente no mundo.

Entre os desdobramentos desse reconhecimento, em 2002 a Coca-Cola passou a fabricar, na Itália, o Guaranito (refrigerante produzido a partir do casquilho e do pó de waraná produzido pelos Sateré-Mawé), que chegou a ser símbolo do comércio justo.

A projeção do pó de guaraná produzido pela etnia Sateré-Mawé foi se expandido até que, em 2009, nasceu o Consórcio dos Produtores Sateré-Mawé – CPSM. Em março 2010, o CPSM conseguiu acesso ao SISCOMEX (sistema brasileiro de comércio exterior) e se tornou a primeira organização indígena brasileira a exportar diretamente os produtos da sua agrosilvicultura para os mercados internacionais.

Em 2012, o Consórcio depositou o registro da marca Nusoken junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), por meio da qual, em 2015, a organização participou da Exposição Universal de Milão (Itália).

Dando continuidade ao processo de expansão e reconhecimento da qualidade do guaraná produzido na Terra Indígena Andirá-Marau, em 2016 o Consórcio depositou no INPI o pedido de reconhecimento como denominação de origem do verdadeiro guaraná nativo, reconhecimento alcançado em outubro de 2020.

Já em 2021, a Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SDSN/ONU) reconheceu a grande contribuição do povo Sateré-Mawé na construção de uma “nova bioeconomia amazônica”.

A Terra Indígena Andirá-Marau, demarcada em 1982 e homologada em 1986, está localizada na divisa entre o Amazonas e o Pará, em uma extensão de 788.528,38 hectares.

Além da terra indígena demarcada, o território da Indicação Geográfica conta com o acréscimo da área denominada Vintequilos, de propriedade coletiva do Povo Sateré-Mawé; do território que une Vintequilos à terra indígena; e de uma área limítrofe à terra indígena que abrange as imediações da direita (ao norte) e esquerda (ao sul) do rio Marau, constituída prevalentemente por áreas de posse indígena que não foram incluídas na demarcação de 1982.

O guaraná produzido pela população nativa na Terra Indígena Andirá-Marau é resultado de uma junção de diversos fatores, como a influência de solos de origem antrópica, incluindo a chamada Terra Preta de Índio. Essa terra teve origem em assentamentos indígenas como resultado de práticas de manejo de dejetos como carvão e cinzas vegetais, ossos de animais e outros restos de cozinhas e casas. Os solos antrópicos permitem melhor crescimento, produtividade e qualidade do guaraná.

As características do solo, associadas às mudas oriundas das “mães do guaraná” (cipós de guaranás nativos que crescem em florestas localizadas na Terra Indígena Andirá-Marau), resultam em sementes de guaraná com qualidade única.

Também a fase de defumação dos pães de waraná é fortemente influenciada pela alta umidade relativa do ar presente na região (a fumaça precisa se misturar com o vapor de água do ambiente para garantir uma aromatização harmônica e intensa, e propiciar condições para que os pães ganhem cor uniforme). A fabricação dos pães é realizada exclusivamente durante o inverno amazônico, quando a umidade relativa do ar é alta e as temperaturas são amenas.

Outras características do território que contribuem para a qualidade final dos produtos são a grande disponibilidade de murici (madeira essencial para conferir sabor e aroma específicos durante o processo de defumação); a umidade necessária para a sobrevivência e a produtividade das abelhas canudo (agente polinizador dos guaranazais nativos); e o mais amplo leque de diferenciação genética distribuída na população de guaraná nativo que se tem conhecimento.

A elaboração do waraná (guaraná nativo) e dos pães de waraná tem início com a secagem dos grãos em fornos de barro. Após esse processo, os grãos são defumados para aromatização e conservação. Concluída essa segunda etapa, os grãos secos e defumados são encaminhados para a transformação em pó de waraná ou em pães.

Para a produção do pó de waraná, o grão é descascado e moído, resultando em um pó com as seguintes características:
– Consistência macia e solta, não granulosa como areia e nem agregada como terra.
– Cor variável desde o muito claro ao claro, mas nunca escura.
– Aroma seco e limpo, frutado quando mais fresco, e levemente defumado.
– Sabor suavemente amargo, deixando na ingestão com água à temperatura ambiente uma sensação de alta digestibilidade.
– Baixa umidade.

Para a produção de pães, os grãos secos e defumados de waraná são descascados manualmente, socados e condensados em bastões compactos, duros e defumados. O pão de waraná da Terra Indígena Andirá-Marau apresenta as seguintes características:
– Consistência dura, mas frágil, podendo ser partido com um único golpe.
– Textura interna do pão compacta e fina, não granulosa, com ausência de espaços ocos (que poderiam causar mofo).
– Cor preta e brilhante.
– Aroma de guaraná homogêneo e suavemente seco, harmonizado pela defumação com madeira aromática.
– Som e vibração à percussão.
– Sabor suavemente amargo, deixando na ingestão uma sensação de alta digestibilidade.

Em média, o guaraná produzido na Terra Indígena Andirá-Marau tem 10,2% de umidade e 4,33% de cafeína.

O Consorcio dos Produtores Sateré-Mawé – CPSM é uma organização formada por 500 famílias de indígenas Sateré-Mawé que assumiram o compromisso “de proteger a Mãe selvagem do Waraná e semi-domesticar seus Filhos conforme a tradição, produzindo e preservando o Waraná, o Guaraná nativo na sua própria terra de eleição, e valorizando as outras riquezas da floresta da nossa Terra, em prol do Povo todo”.

Consórcio de Produtores Sateré-Mawé – CPSM
Endereço: Rua Leopoldo Neves, 516 | Bairro: Centro | Cidade: Parintins/AM | CEP: 69151-065
Telefone: +55 (92) 99138-8367 | Site: www.nusoken.com/consorcio-dos-produtores-sateré-mawé | E-mail: cpsm@nusoken.com

Dados Técnicos

Número: BR412016000005-2
Indicação Geográfica: Terra Indígena Andirá-Marau
UF: Amazonas/Pará
Requerente:Consórcio de Produtores Sateré-Mawé – CPSM
Produto: Waraná (guaraná nativo) e pães de waraná (bastão de guaraná)
Data do Registro: 20/10/2020
Delimitação: Terra Indígena Andirá-Marau, acrescida da área adjacente denominada Vintequilos, do território que une Vintequilos à terra indígena e de uma área limítrofe à terra indígena que é constituída, predominantemente, por áreas de posse indígena que não foram incluídas na demarcação de terras realizada em 1982.

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