IG – Rio Negro
Os peixes ornamentais da Amazônia encantam criadores de peixe ao redor do mundo há muitas décadas. Os piabeiros e ribeirinhos percorrem, na bacia do médio Rio Negro, as doces águas de rios, igapós, lagos e igarapés, à procura das diversas espécies de peixes de pequenos portes de cores exuberantes.
Este assunto é de responsabilidade da Unidade de Inovação. 17 de Abril de 2018
Sobre a Indicação Geográfica
A pesca artesanal dos peixes ornamentais, conhecidos como piabas, é uma atividade extrativista, com décadas de existência, que ocorre nas áreas inundáveis do Rio Negro, gerando renda aos ribeirinhos e sustentando as comunidades rurais.
Em meados da década de 1950, o pesquisador H. Axelrodi, em sua primeira viagem ao Brasil, à procura da espécie de peixe ornamental Acará-disco, no Rio Negro, descobriu o Cardinal tetra. Logo, montou uma operação envolvendo 50 pescadores, na cidade de Barcelos, para a pesca do Cardinal.
No início de 1956, os espécimes chegaram aos pesquisadores americanos, que as descreveram cientificamente em poucos dias, sendo identificados com o nome de Cardinal tetra. A Comissão Internacional de Nomenclatura posteriormente validou a descoberta, adotando o nome científico de Cheirodon axelrodi.
A descoberta do Cardinal tetra desencadeou uma grande mudança no comércio de peixes ornamentais, dando origem a um novo ciclo de exportação dos peixes ornamentais do Rio Negro.
A bacia do Rio Negro é uma região relativamente intocada, devido à grande área de florestas intactas, rios e ecossistemas variados, como igapó, igarapé e lagos. A ictiofauna é caracterizada pela alta diversidade de peixes, com cerca de 1.000 espécies, com mais de 30% endêmicos da bacia. Dentro desta diversidade, encontramos os peixes ornamentais, que constitui uma considerável parcela.
O peixe ornamental é um dos poucos recursos oriundos do extrativismo viável no interior da Amazônia, devido à grande área de planície inundável, à abundância das espécies e à rápida renovação. Trata-se da maior área de pesca extrativista de peixes ornamentais do Brasil.
A maioria dos peixes ornamentais é de pequeno porte, com ciclo de vida curto (de um a dois anos), com alto potencial reprodutivo e rapidamente renovável. Os peixes são considerados recursos naturais sustentáveis, desde que devidamente manejados, gerando pouco ou nenhum impacto aos ecossistemas.
O Cardinal tetra é o peixe ornamental mais abundante e cobiçado, por conta do seu colorido ventral, azul e vermelho. Representa mais de 80% do total de peixes exportados por ano. O cardinal prefere as margens dos igarapés, nos remansos, locais de pouca ou nenhuma correnteza e baixa concentração de oxigênio.
Atualmente, cerca de 180 espécies de peixes de água doce são liberadas para a pesca. Entre estas, reguladas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), destacam-se neon verde (Paracheirodon simulans), rodóstomo, (Petitella georgiae), rosa-céu (Hyphessobrycon sp), borboletas (Carnegiella) e apistogramas (Apistogramma).
Estima-se que mais de 1.000 famílias estejam envolvidas na pesca, no transporte e no comércio dos peixes ornamentais. Em torno de 100 espécies são exploradas e mais de 40 milhões de peixes são exportados por ano, gerando um negócio em torno de US$ 5 milhões.
A Indicação de Procedência (IP) Rio Negro fortaleceu a sociedade local, a gestão participativa, a conservação do meio ambiente e o bem-estar dos peixes vivos ao longo da cadeia produtiva. A partir do reconhecimento, desenvolveu-se um plano de políticas públicas capaz de garantir a preservação desta atividade, incrementando o valor dos peixes ornamentais do Rio Negro.
Endereço: Bairro Nazaré, Rua Dorval Porto | Cidade: Barcelos/AM | CEP: 69.700-000
Telefone: +55 (92) 3657-0539 | E-mail: ornapesca@gmail.com
Dados Técnicos
Número: BR2012000003-9
Indicação Geográfica: Rio Negro
UF: AM
Requerente: Ornapesca – Cooperativa P.P.A.P.O.M.A. Rio Negro
Produtos: peixes ornamentais
Data do Registro: 09/09/2014
Delimitação: a região delimitada está inserida no estado do Amazonas, sendo composta pelos municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro.
Quer conhecer o Caderno de Especificações Técnicas? Baixe aqui!