A dimensão cultural da produção de panelas de barro transcende o aspecto material, essa atividade está profundamente enraizada no imaginário indígena, permeando o campo do sagrado. A coleta da argila, por exemplo, ocorre com a permissão de “Vovó Barro”, um espírito da natureza reverenciado pela comunidade, sendo mais do que uma atividade econômica, como também uma prática cultural ancestral.

As ceramistas da Comunidade Raposa I, no município de Normandia, orgulham-se da arte secular e passam a cultura de geração para geração, porém não conseguem definir uma data nem quem tenha iniciado a tradição, em que pese a atividade ter começado ainda no século XIX.

A produção de panelas de barro é uma tradição local na Comunidade de Raposa, estabelecida através de gerações. A produção se inicia na coleta da matéria-prima, agradecendo a divindade do barro, e segue tradições e rituais específicos daquela comunidade indígena até a modelagem, que é feita de forma manual.

Uma das principais características do produto é sua resistência térmica, que pode alcançar até 1000ºC, o que é possível graças ao conhecimento e ao saber-fazer das artesãs que passam de mãe para filha através dos anos.

A produção de panelas de barro é uma atividade essencialmente feminina e que é reconhecida por sua origem geográfica na comunidade da Raposa I, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. A tradição e a tipicidade deste artesanato levaram o mesmo a se tornar conhecido em toda a região, o que é fortalecido pela realização do Festival da Panela de Barro, ou ‘Anna Komanto’ Eseru’ em Macuxi, ocorrido na Raposa I na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.