IG – Planalto Sul Brasileiro
A união de fatores geográficos e humanos faz do mel de melato da bracatinga produzido na região do Planalto Sul Brasileiro um produto único e de qualidade reconhecida mundialmente.
Este assunto é de responsabilidade da Unidade de Inovação.10 de Dezembro de 2021
Sobre a Indicação Geográfica
Entre o início da produção de mel pelos indígenas, a partir de abelhas nativas há mais de 2000 anos, até a produção do mel de melato da bracatinga no Planalto Sul Brasileiro, muita coisa aconteceu, especialmente a partir dos anos de 1800 quando imigrantes europeus trouxeram abelhas para as suas colônias na região.
A partir desse movimento, a prática da apicultura ganhou corpo e, em 1900, foi fundada a primeira associação de apicultores do sul do Brasil, em São Bento do Sul (SC). Em 1956, as abelhas africanas foram introduzidas no Brasil e, em 1970, foi criada a Associação Catarinense de Apicultores (ACA).
Tido, inicialmente, como um produto de qualidade inferior, o mel de melato de bracatinga começou a ser exportado para a Alemanha em 1980, onde já havia caído no gosto da população. Essa relação comercial foi ganhando fôlego e, em 2000, ocorreu um aumento significativo das exportações para o país germânico.
Com o crescimento das exportações, aumentaram também os reconhecimentos pela qualidade do produto. Em 2007, o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul Brasileiro recebeu a medalha de outro no Congresso da Associação Internacional das Federações de Apicultores (Apimondia), realizado na Austrália. O produto ainda seria reconhecido como o melhor do mundo em 2013, na Ucrânia, e em 2017, na Turquia.
Tanto reconhecimento resultou, em 2021, no registro de Indicação Geográfica pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
A área da Indicação Geográfica abrange 58.987km2 e envolve, total ou parcialmente, os territórios de 134 municípios dos estados de Santa Catarina (107), Paraná (12) e Rio Grande do Sul (15).
A região do Planalto Sul Brasileiro possui características essenciais para a produção do mel de melato de bracatinga, bem como para a garantia da qualidade do produto final. O território favorece a existência dos três grandes responsáveis pela produção do mel de melato de bracatinga: a bracatinga (árvore), a cochonilha (inseto que se alimenta da seiva da bracatinga) e a abelha (responsável pela transformação final da seiva em mel).
Ao longo de toda a área existem inúmeros bracatingais, especialmente em terras com altitude acima de 700 metros do nível do mar, onde o clima é classificado como temperado, chuvoso e constantemente úmido.
Associado a isso, o fator humano é essencial para garantir a qualidade do produto. Cabe ao apicultor, valendo-se da sua capacidade de observação dos ciclos da natureza, fazer o manejo das abelhas no momento correto, ou seja, quando a cochonilha atinge a fase adulta e passa a produzir o melato, processo que acontece a cada dois anos.
O mel de melato de bracatinga é obtido a partir da coleta, pelas abelhas, do melato excretado por insetos conhecidos como cochonilhas e que se alimentam da seiva da bracatinga, uma árvore nativa das regiões mais frias do Sul do Brasil. Trata-se de um mel com acidez mais elevada e rico em minerais, em especial o potássio e o magnésio.
Quando a cochonilha realiza a primeira digestão enzimática, ela expele uma excreção açucarada. Esse excremento é colhido pelas abelhas como se fosse néctar, e passa por uma segunda digestão enzimática. Como resultado, tem-se um mel com características únicas, como: não cristalizar, possuir uma cor escura típica, ter na sua composição a presença de monossacarídeos, que são os açúcares simples, e sais minerais com propriedades que estimulam os sentidos do ser humano (olfato, visão, paladar e tato).
O mel de melato de bracatinga é colhido das colmeias na sua forma natural, extraído dos favos e envasado tal como as abelhas o produzem. Por isso, sua qualidade está intimamente ligada ao meio geográfico que o originou.
O associativismo apícola teve início na década de 1970 motivado pelo aparecimento das abelhas africanizadas, bem mais agressivas (defensivas) do que as abelhas ápis-melíferas de origem europeia que habitavam a região. Os apicultores precisaram se organizar para discutirem como iriam manejar estas abelhas.
Inicialmente, foi criada a Associação Catarinense de Apicultores – ACA, de abrangência estadual. Após alguns anos, sentiu-se a necessidade de regionalizar as associações. Foi assim que, em 1979, foi fundada a Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina – FAASC.
Em 2009, a FAASC alterou seus estatutos, passando a representar também os meliponicultores (criadores de abelhas sem ferrão) com a seguinte denominação: Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina – FAASC.
Hoje, a Federação congrega 54 associações filiadas, representando aproximadamente três mil apicultores.
Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina – FAASC
Endereço: Rodovia Virgílio Várzea, 2554 | Bairro: Saco Grande II | Cidade: Florianópolis/SC | CEP: 88032-001
Telefone: +55 (48) 3238-1066 | Site: www.faasc.com.br | E-mail: faasc.br2009@gmail.com
Dados Técnicos
Número: BR412020000011-2
Indicação Geográfica: Planalto Sul Brasileiro
UF: Santa Catarina
Requerente: Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina – FAASC
Produto: Mel de melato de bracatinga
Data do Registro: 20/07/2021
Delimitação: A área é contínua, com 58.987,1 km², entre os paralelos 25°24’52” e 29°44’21” Sul e os meridianos 48°53’76” e 52°13’24,25″ Oeste, abrange total ou parcialmente 134 municípios (107 de SC, 12 do PR e 15 do RS). De Santa Catarina: Abdon Batista, Abelardo Luz, Agrolândia, Água Doce, Alfredo Wagner, Anita Garibaldi, Anitápolis, Arroio Trinta, Atalanta, Bela Vista do Toldo, Bocaina do Sul, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Braço do Trombudo, Brunópolis, Caçador, Calmon, Campo Alegre, Campo Belo do Sul, Campos Novos, Canoinhas, Capão Alto, Catanduvas, Celso Ramos, Cerro Negro, Chapadão do Lageado, Concórdia, Correia Pinto, Curitibanos, Erval Velho, Fraiburgo, Frei Rogério, Grão Pará, Herval d’Oeste, Ibiam, Ibicaré, Iomerê, Ipira, Ipumirim, Irani, Irineópolis, Itaiópolis, Jaborá, Jacinto Machado, Joaçaba, Lacerdópolis, Lages, Lauro Müller, Lebon Régis, Lindóia do Sul, Luzerna, Macieira, Mafra, Major Vieira, Matos Costa, Mirim Doce, Monte Carlo, Monte Castelo, Morro Grande, Nova Veneza, Orleans, Otacílio Costa, Ouro, Painel, Palmeira, Papanduva, Passos Maia, Peritiba, Petrolândia, Pinheiro Preto, Ponte Alta, Ponte Alta do Norte, Ponte Serrada, Porto União, Pouso Redondo, Praia Grande, Presidente Castelo Branco, Rancho Queimado, Rio das Antas, Rio do Campo, Rio Fortuna, Rio Negrinho, Rio Rufino, Salto Veloso, Santa Cecília, Santa Rosa de Lima, Santa Terezinha, São Bento do Sul, São Bonifácio, São Cristóvão do Sul, São Joaquim, São José do Cerrito, São Martinho, Siderópolis, Taió, Tangará, Timbé do Sul, Timbó Grande, Três Barras, Treviso, Treze Tílias, Urubici, Urupema, Vargeão, Vargem, Vargem Bonita, e Videira. Do Paraná: Bituruna, Coronel Domingos Soares, Cruz Machado, General Carneiro, Inácio Martins, Mangueirinha, Palmas, Paula Freitas, Pinhão, Porto Vitória, Reserva do Iguaçu, e União da Vitória. Do Rio Grande do Sul: Bom Jesus, Cambará do Sul, Caraá, Itati, Jaquirana, Mampituba, Maquiné, Morrinhos do Sul, Riozinho, Rolante, São Francisco de Paula, São José dos Ausentes, Terra de Areia, Três Cachoeiras, Três Forquilhas.
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